Mudar mas não muito…

Quase todos os dias recebo mails de pessoas que querem mudar a casa ou parte dela. Pessoas com uma ânsia imensa de alterar paredes, móveis, cores, estilos. Pedem verdadeiras revoluções caseiras e admitem que disso depende toda uma vida, a salvação da pátria! Depois, bem no finzinho das mensagens, assim como quem não quer a coisa, explicam que tudo terá de ser transformado sem mudar absolutamente nada. Porque não há dinheiro para substituir os azulejos roxos com folhinhas de salsa verde. Porque até gostam daquele tapete e não se querem desfazer dele. Porque o quadro do menino com a lágrima no olho foi presente de casamento. Porque o cão de loiça foi herança da avó. Porque o móvel é de madeira e parece mal estar a pintar. Ora, eu até percebo as razões. Umas mais que outras mas, vá, percebo. Agora vamos lá ver se nos entendemos. Não é possível mudar sem, efetivamente,… mudar! Não estou a ver como será isso possível mas se descobrirem a fórmula partilhem que vamos ganhar rios de dinheiro com isso. Não quero ser uma desmancha-prazeres mas alguém tinha de dar a má notícia: Qualquer pequena reforma, por mínima que seja, implica sempre um quê de mudança. Mas, como diz o povo, só não há solução para a morte. Por isso vamos por partes.

Dinheiro

Ou continuamos a jogar no euromilhões e a acreditar em milagres ou fazemos o projeto de forma faseada. Já disse isto muitas vezes mas volto a dizer. Se não há orçamento para mudar a sala toda, mudem apenas o sofá ou o tapete ou o candeeiro. A almofada que seja. E no mês seguinte, mudem outra almofada ou outro candeeiro. Pensem no projeto de decoração como um todo. A almofada que terá o mesmo tecido do abajur; o pé do candeeiro dourado que terá o mesmo acabamento das pernas da mesa de apoio; o branco como cor base nas paredes, na mesa de jantar, no aparador; e por aí fora. Mas depois, vão adquirindo as peças com folga orçamental. Sem comprometer a compra de arroz e batatas e sem querer fazer tudo de um dia para o outro. Optem também por fazer alguns DIYs e não comprem tudo. Há muita coisa que podemos fazer pelas nossas próprias mãos! 

Ofertas

Aqui meus amigos não há soluções mágicas. Ou atiram para o sótão as travessas de plástico que a tia Gracinda ofereceu no último Natal ou deixam as ditas esquecidas no fundo do armário da cozinha, que assim como assim sempre ficam longe da vista e mais perto do coração. Tudo menos passar uma vida de tormento a olhar para verdadeiros monos da decoração com receio de ofender uma tia que vai lá a casa uma vez por ano e que já deve ter idade para não se lembrar do que comeu ao almoço quanto mais do que ofereceu no último Natal.

Lixo

Para algumas pessoas, deitar tralhas fora chega a ser mais difícil do que ao governo português equilibrar as contas públicas. Até tentam, até são bem intencionadas, até vão separando os móveis que estão mais velhos, que já não cumprem a função ou que estão gastos pelo uso. Mas depois atirá-los ao contentor ou mandar vir o camião da câmara, isso já são outros quinhentos. Mas não desesperem porque também para isso há várias soluções e algumas bem jeitosas. Vender, por exemplo, nos custosjustos e olxs desta vida. Sempre conseguem o melhor de dois mundos. Desfazem-se dos monos e juntam um dinheirinho para comprar um móvel com um acabamento mais intemporal. Caso o móvel a eliminar esteja ainda em boas condições, podem também oferecer a uma instituição de caridade. Faz bem à alma e pode fazer bem a alguém que tem em casa um móvel ainda mais velhinho e mais acabado do que esse.

Mudar é bom. E, como também já aqui disse, quem muda Deus ajuda!

Uma das minhas melhores reformas!